Filipe Luís em coletiva após o empate: "Acontecem erros no futebol..."
Sentimento pós-jogo: dever cumprido ou decepção? Flamengo, Filipe Luís e os Desafios Pós-Empate: Análise da Coletiva e dos Fatos
CAMPEONATO BRASILEIRO
8/4/20254 min ler


Filipe Luís abriu a coletiva abordando diretamente o impacto emocional do empate do Flamengo. Questionado se o resultado soava como dever cumprido ou decepção, o treinador foi enfático ao expor o ânimo do elenco: “Claro que é um sentimento de decepção depois de ter feito um grande primeiro tempo, criado chances de gol, finalizado muitas vezes na área... acabamos sofrendo empate. E, claro, sentimento de decepção e não temos outro caminho se não trabalhar e continuar evoluindo.”
O tom evidencia a insatisfação com a incapacidade de “transformar domínio e produção ofensiva em vantagem no placar”, reforçando o compromisso imediato com o aprimoramento, sem concessão ao acomodamento.
Debate sobre ambição: falta ímpeto para ampliar as vantagens?
Provocado sobre a percepção de que o Flamengo, ao abrir o placar, recua e perde ímpeto para buscar uma vitória mais elástica, Filipe Luís rebateu a tese. Segundo ele, a equipe manteve postura propositiva, mesmo após marcar, mas enfrentou mudanças adversárias de sistema e aumento na pressão do Ceará:
“O time continuou chutando, criando. Eu não diria que não quisemos defender o resultado. Ao contrário. Começamos o segundo tempo tentando propor o jogo. O adversário mudou o sistema... tivemos uma queda de concentração e intensidade. O adversário também aumentou a dele... e acabamos sofrendo o gol.”
Os números da partida, citados na entrevista, mostram a tentativa de manter o protagonismo: “no segundo tempo foram seis chutes a gol”, ainda que, na precisão, isso não se revertesse em atuações efetivamente letais no ataque. Filipe Luís pondera que a queda foi de concentração e intensidade, não de ambição.
Possessão de bola e problemas de construção
Com 78% de posse de bola no primeiro tempo, o Flamengo deparou-se com o desafio clássico de furar defesas compactas. O treinador apontou que a posse não se converteu em “grandes jogadas para assustar o Ceará” tanto por mérito do próprio Ceará – ao adotar bloco médio/baixo e privilegiar o contra-ataque – quanto pelo pouco tempo de entrosamento das “novas incorporações”, já que muitos reforços chegaram de férias ou sem ritmo de jogo.
“Sempre é mais complicado encontrar espaços em um bloco tão compacto e tão baixo, mas mesmo assim conseguimos criar chance e... baixamos nossa concentração no segundo tempo”, analisou Filipe Luís.
Sequência de desempenhos abaixo do esperado: fatores físicos ou conjuntura do jogo?
Diferentemente do que alguns sugeriram, o comandante isentou o elenco de desgaste físico e credita a oscilação recente muito mais ao contexto de adversários do que a limitações fisiológicas:
“Fisicamente o time correu os 90 minutos em todo momento... não acredito que seja físico, não. Vai muito em função do momento do jogo, do adversário, da torcida empurrando, da forma que eles tinham de jogar. Nos incomodaram no segundo tempo.”
Segundo ele, a resposta para voltar ao nível desejado passa pelo trabalho contínuo e ajustes táticos, e não por uma reformulação estrutural do elenco.
Gestão do elenco, juventude e critérios para utilização
Um dos tópicos recorrentes na entrevista foi a sequência imposta à dupla de zaga titular (Léo Ortiz e Léo Pereira) após a lesão de Danilo. Questionado sobre a opção por não lançar os jovens João Vittor e Iago, Filipe Luís enfatizou que a última linha demanda experiência, sobretudo em momentos decisivos, e que tende a confiar no elenco já entrosado:
“A zaga, a última linha, é muito delicada. Existem momentos para colocar jogadores. Não senti que esse é o momento pelo que estamos lutando, pela dificuldade dos jogos. Os dois jogadores têm aguentado a sequência. Se precisar, confio também nos jovens.”
A ausência de Cleiton em algumas partidas foi explicada puramente por decisão técnica, visando equilíbrio no banco de reservas com atletas polivalentes, não por critérios contratuais ou extracampo. Já Cleiton manifestou intenção de não renovar com o clube para além de 2025, e sua situação repercute nas decisões sobre oportunidades a outros zagueiros como João Victor
Análise de falhas individuais e responsabilidade coletiva
Ao ser perguntado sobre a responsabilidade pelo gol sofrido, Filipe Luís se recusou a individualizar falhas: “Sempre que toma um gol, existem quase sempre falhas. Se foi o Rossi, o Léo, outro jogador, não me interessa. Acontecem erros no futebol... Não apontaria o dedo e diria que foi falha desse ou do outro. Foi falha da equipe, e quem perde somos nós.”
O técnico reforçou que a cultura de responsabilização coletiva, ao invés da personificação das falhas, está no centro do trabalho diário.
Relação com a torcida, ambiente nordestino e calendário
Filipe Luís também destacou o ambiente diferenciado das partidas no Nordeste, elogiando o poder das torcidas e a capacidade de mobilização dos clubes da região. Quanto ao calendário, mantém o discurso de satisfação com o ritmo intenso: “É um privilégio ter esse número de jogos para jogar... os melhores jogam mais jogos.”
O técnico reitera que o objetivo é “disputar todos os títulos”, e o elenco do Flamengo, altamente qualificado, possibilita a luta simultânea por Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores.
Retorno de Vitor Hugo e composição do elenco
Sobre o uso de Vitor Hugo após frustração em negociação, Filipe Luís foi pragmático: destacou a polivalência do jovem, a boa resposta nos treinos e a tentativa de usar sua capacidade de controle em um momento de queda do setor criativo. Mas, ressalvou que a briga por espaço é intensa pela qualidade e concorrência do elenco.
Pontos principais destacados na coletiva:
Sentimento predominante: decepção pelo empate após amplo domínio e boas chances criadas no primeiro tempo.
Posicionamento tático: houve iniciativa para ampliar o placar, mas fatores do adversário e perda de intensidade e concentração impactaram o desempenho.
Elenco e gestão física: confiança nos titulares, prudência na introdução de jovens zagueiros, postura coletiva nas falhas.
Planejamento: prioridade em buscar todos os títulos disponíveis, mantendo alta exigência competitiva nos três campeonatos.
Processo de renovação: decisões sobre jovens e atletas em fim de contrato são guiadas por equilíbrio técnico e condições do elenco.
Confira a entrevista completa nesse vídeo da FLAMENGO TV:



André Rocha
é o Editor-Chefe e Analista do flamengohoje.net. Especialista em análise de dados e táticas do futebol, ele une a paixão de torcedor com a precisão dos números para trazer um olhar único sobre o universo do Flamengo.
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