Flamengo empata com Ceará, mantém liderança, mas escancara queda de rendimento e alerta no Brasileirão
Rubro-Negro abre o placar, mas cede empate e acumula decepção após desempenho oscilante
CAMPEONATO BRASILEIRO
8/4/20254 min ler


O Flamengo empatou por 1 a 1 com o Ceará no Castelão, em partida válida pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro. Apesar do resultado, o time carioca garantiu a permanência na liderança do torneio, mesmo com um jogo a menos que os concorrentes diretos. A atuação, no entanto, reacendeu questionamentos sobre a queda de rendimento da equipe nas últimas rodadas, tópico central nas análises de comissão técnica, imprensa e torcedores.
Primeiro tempo dominante, segundo tempo de queda acentuada
O desempenho do Flamengo apresentou um contraste nítido entre as duas etapas do confronto. No primeiro tempo, o Rubro-Negro controlou as ações, chegou a registrar nove finalizações e abriu o placar com Arrascaeta, após construção inteligente e movimentação pelo lado esquerdo do ataque. O domínio no meio-campo e a pressão na saída de bola do Ceará foram evidentes, garantindo amplo controle das ações ofensivas e defensivas.
No retorno do intervalo, no entanto, a intensidade diminuiu sensivelmente. O técnico Filipe Luís, que promoveu as estreias de Samuel Lino e Emerson Royal como titulares, reconheceu em entrevista coletiva que o time apresentou uma "queda muito grande" de rendimento na etapa complementar, culminando no empate em bola parada — lance que contou também com uma falha do goleiro Rossi.
“Eu gosto de vir logo depois do jogo, ainda com o coração quente, porque falo o que está aqui dentro. Sentimento de decepção. Depois de ter feito um grande primeiro tempo, criado chance de gol e finalizado muitas vezes no gol do adversário. Mas no segundo tempo tivemos uma queda muito grande e, por um descuido nosso, na bola parada, sofremos o empate. Claro que o sentimento é de decepção” — declarou Filipe Luís.
Estreias, reforços e entrosamento no foco da análise
A reformulação recente do elenco rubro-negro pautou parte da coletiva do treinador. Foram quatro reforços contratados na janela, com destaque para Samuel Lino, jogador mais caro da história do clube, titular desde o início na partida contra o Ceará após ter estreado na derrota para o Atlético-MG. Filipe Luís pontuou a necessidade de tempo para adaptação e condicionamento dos atletas recém-chegados, ressaltando o desempenho de Lino, que atuou durante os 90 minutos e se mostrou participativo, apesar de reconhecer que ainda está em fase de adaptação ao modelo tático da equipe.
“É verdade que temos incorporações novas. Uma janela extraordinária do clube, e alguns jogadores chegaram sem ter tempo de treino na equipe onde estavam. Alguns estavam de férias. Hoje o Lino jogou 90 minutos. Não sei se era indicado para ele, mas vai se adaptar e já se adaptou rápido ao nosso modelo de jogo”.
Motivos para a oscilação: físico, concentração ou mérito do adversário?
Uma das principais discussões geradas pelo empate passa pela explicação para a curva descendente de desempenho, especialmente na segunda etapa. Filipe Luís recusou explicações puramente físicas e atribuiu o comportamento do time a um conjunto de fatores: momento do jogo, pressão da torcida adversária e mudanças táticas do Ceará, que, ao recuar as linhas e apostar em contra-ataques, impôs dificuldades para a retomada do ritmo proposto pelo Flamengo. Ainda assim, o treinador creditou parte do resultado ao próprio grupo, indicando relaxamento de concentração e intensidade como elementos relevantes para a queda de rendimento.
Analistas do “Fim de Papo”, como Lucas Musetti e José Trajano, acompanham a crítica. Musetti destaca que o Flamengo “sua menos que os adversários”, indicando menor entrega física e intensidade em comparação a outros momentos da temporada e até a rivais diretos. Para Trajano, a equipe apresenta resultados camuflados que impedem uma análise exclusivamente pelo ponto da liderança, sugerindo que a sequência positiva omitiu problemas estruturais e variações técnicas preocupantes.
“O Flamengo precisa ser melhor que quase todos os times. É uma obrigação ter a bola, finalizar mais. O último jogo dominante do Flamengo foi contra o São Paulo. Depois, mesmo vencendo Galo, Bragantino e Fluminense, já era um time capengando. Agora ficou exposto. O Flamengo está suando menos que os adversários.” — Lucas Musetti.
Reação e postura diante do resultado
Ainda na coletiva, Filipe Luís ressaltou que o compromisso do elenco é disputar todos os títulos em aberto, sem priorização de competições, reiterando o objetivo de conquistar o Brasileirão, almejar o título da Libertadores e reverter resultado na Copa do Brasil. A sequência desgastante de jogos foi minimizada pelo técnico, que afirmou: “os melhores jogam mais jogos, isso é reflexo de estarmos entre os melhores”.
“O objetivo é disputar todos os títulos. Hoje o Flamengo te permite isso. Com esse elenco altamente qualificado que temos, te dá a possibilidade de disputar os títulos. Brigar para ser campeão do Campeonato Brasileiro, de ter um elenco para chegar na Libertadores e na Copa do Brasil. Não reclamo porque os melhores jogam mais jogos”.
Em relação à análise de gols sofridos, Filipe Luís preferiu dividir a responsabilidade entre setor defensivo e coletivo, evitando personalizar falhas. Em especial ao erro individual de Rossi, o técnico pontuou que “os erros existem no futebol” e que o processo é de correção conjunta, afastando qualquer postura de caça às bruxas.
Ambiente, público e sequência da temporada
O jogo contra o Ceará, além de destacar aspectos esportivos, registrou também representatividade nas arquibancadas, consolidando-se como um dos jogos de maior público da temporada no Nordeste. O ambiente do Castelão, com estádio cheio e torcida participativa, figurou como componente extracampo na oscilação emocional e técnica do elenco rubro-negro.
Para a sequência, o Flamengo foca na Copa do Brasil, onde precisa reverter desvantagem contra o Atlético-MG para avançar às quartas de final. No Brasileirão, mantém o status de líder, mas com o Cruzeiro igualado em pontos e um jogo a mais, deixando a briga pelo título ainda mais equilibrada e acirrada na parte de cima da tabela.
Foto: Gilvan de Souza / CRF



André Rocha
é o Editor-Chefe e Analista do flamengohoje.net. Especialista em análise de dados e táticas do futebol, ele une a paixão de torcedor com a precisão dos números para trazer um olhar único sobre o universo do Flamengo.
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