Flamengo tropeça no Maracanã: análise tática expõe fragilidades e sinaliza desafio de reação na Copa do Brasil

Domínio improdutivo, erro defensivo decisivo e estreias sem brilho: o que a derrota para o Atlético-MG revela sobre o momento rubro-negro e os caminhos para buscar a virada no Mineirão

COPA DO BRASIL

8/1/20253 min ler

Maracanã lotado em Flamengo 0 x 1 Atlético-MG.
Maracanã lotado em Flamengo 0 x 1 Atlético-MG.

O Atlético-MG conseguiu travar o Flamengo e abriu vantagem importante nas oitavas de final da Copa do Brasil, vencendo por 1 a 0 dentro do Maracanã. A partida, embora equilibrada em oportunidades reais de gol, expôs de forma nua e crua os problemas coletivos e individuais do time rubro-negro, mostrando que não basta apenas ter posse, é preciso saber o que fazer com ela – e como se proteger dos próprios erros.

O Que Deu Errado no Flamengo?

Desempenho ofensivo: muito volume, pouca precisão

O Flamengo terminou o jogo com 62% de posse de bola e 17 finalizações. Mas a superioridade numérica pouco se converteu em perigo real: dessas, só quatro foram efetivamente chances claras de gol.

  • Aos 12 minutos do 1º tempo, Léo Ortiz tentou um passe longo e precioso que deixou Pedro na cara do gol, mas o centroavante falhou no domínio e perdeu a melhor oportunidade individual da equipe.

  • Pedro voltou a ser garçom aos 41 minutos, servindo Plata, mas Éverson fez boa defesa cara a cara.

  • Já no segundo tempo, Emerson Royal desviou cruzamento de Samuel Lino e viu a bola explodir no travessão. Pouco depois, Samuel Lino fez jogada individual e obrigou Éverson a nova grande defesa.

  • Houve ainda um chute de Evertton Araújo no travessão, mas de muita longe, sem tanto perigo.

A equipe girava a bola, empurrava o Atlético para trás, mas faltou ousadia para quebrar linhas. O meio-campo, sem o criativo Arrascaeta, teve carência de jogadas verticais e tabelas próximas à área.

Defesa vulnerável e falha determinante

O Atlético-MG, mais uma vez, mostrou organização defensiva e aplicação tática. Mais do que o gol, o Galo minou o setor de criação do Flamengo: Saravia anulou Luiz Araújo, Alan Franco neutralizou Plata, e Lyanco e Alonso dominaram a área. O sistema do técnico Cuca apostou em encaixes individuais e preenchimento do meio – o plano funcionou.

O lance que decidiu o jogo foi uma sequência de escolhas ruins dentro da própria área. Aos 20 do segundo tempo, Léo Pereira recebeu de Rossi sob pressão e, em vez de afastar, tentou passe curto com Léo Ortiz. O erro foi fatal: Cuello interceptou, dominou e definiu o placar.

Ao longo do confronto, o Atlético também teve suas chances, especialmente com Hulk e Cuello, aproveitando sempre algum descuido rubro-negro em transições defensivas.

Estreias, alternativas e dificuldades do ‘mistão’

Pela primeira vez, o torcedor viu juntos Samuel Lino, Emerson Royal e Saúl em campo. Samuel Lino foi quem mais chamou atenção: muita velocidade, incisivo, criou duas das melhores situações do Flamengo e teve um gol anulado por impedimento. Saúl entrou no segundo tempo, buscou movimentação, mas ainda mostra clara

O time mineiro não foi brilhante ofensivamente, mas foi premiado pelo foco, marcação e disciplina em todos os setores do campo.

O Que Muda Para o Jogo de Volta?

O roteiro do segundo jogo já está desenhado: o Flamengo precisa agora de pelo menos dois gols de diferença fora de casa para avançar. O empate ou uma vitória simples do Galo classifica os mineiros.

Se não quiser repetir os erros do Maracanã, o Flamengo precisará:

  • Corrigir a saída de bola (treinar para eliminar passes arriscados na própria área).

  • Retornar à criatividade no meio, seja com Arrascaeta ou alguma nova opção tática.

  • Dar mais liberdade e apoio aos atacantes, elevando o nível de infiltração e tabelas.

  • Ajustar o sistema defensivo para evitar ser surpreendido em erros não forçados.

Mais que vontade ou indignação, será preciso inteligência tática e atitude assertiva para voltar de Belo Horizonte classificado.

necessidade de ritmo e encaixe coletivo. Emerson Royal foi sólido atrás e quase marcou, mas sentiu o ritmo forte do confronto.

O técnico Filipe Luís mexeu pontualmente no elenco, mas as mudanças não renderam o brilho esperado; a ausência de soluções táticas rápidas para furar a marcação mineira pesou bastante.

O Atlético-MG: comprometimento e aplicação tática

O Atlético repetiu o enredo do jogo pelo Brasileirão: neutralizou o coração criativo do Flamengo e explorou ao máximo a ansiedade e os equívocos defensivos do adversário.

  • Cuca, o treinador do Galo, apostou em Igor Gomes no lugar de Fausto Vera e fortificou a marcação nas costas dos volantes rubro-negros.

  • O Galo teve as mesmas quatro chances claras que o Flamengo e aproveitou a melhor delas.

  • A linha de defesa, diferente da usada no domingo anterior, foi taticamente adaptada para jogar sob pressão.

Samu Lino em sua estreia pelo Flamengo.
Samu Lino em sua estreia pelo Flamengo.

André Rocha

é o Editor-Chefe e Analista do flamengohoje.net. Especialista em análise de dados e táticas do futebol, ele une a paixão de torcedor com a precisão dos números para trazer um olhar único sobre o universo do Flamengo.