Flamengo x Bayern: Quando Jogar Muito Bem Ainda Não Basta

O Flamengo está fora do Mundial de Clubes 2025. A derrota por 4 a 2 para o Bayern de Munique foi dolorosa, mas longe de ser vexatória. Pelo contrário: o time brasileiro fez um grande jogo, jogou de igual para igual e mostrou que a diferença entre os clubes está mais nos detalhes — e menos no futebol jogado dentro de campo naquele domingo.

Os números comprovam: o Bayern, acostumado a ter mais de 19 finalizações por jogo na Bundesliga e 20,5 na Champions, finalizou apenas oito vezes contra o Flamengo. A média de posse de bola do time alemão, que costuma ultrapassar os 65%, foi reduzida a 49%. Em passes trocados, o time bávaro também teve um rendimento muito abaixo da média, mostrando que o Flamengo foi eficiente em tirar o adversário da zona de conforto.

Além das estatísticas frias, o que se viu em campo foi um Flamengo valente. Mesmo após sair perdendo por 2 a 0, o time não se entregou, reagiu, marcou e tentou até o fim. Filipe Luís conseguiu implementar uma ideia de jogo clara, com pressão alta e coragem na saída de bola, ainda que isso tenha custado dois gols em erros de saída. Faz parte do risco — e também da estratégia.

O Bayern venceu porque tem jogadores como Harry Kane, Neuer e Goretzka, que decidiram em momentos cruciais. Enquanto o Flamengo foi melhor coletivamente e anulou peças-chave como Coman e Olise, o time alemão foi letal quando teve a chance. O gol contra, as finalizações improváveis e uma grande defesa de Neuer fizeram a diferença. Contra um clube com orçamento seis vezes maior, às vezes é só isso que falta.

Mas é preciso dizer: o Flamengo fez tudo o que estava ao seu alcance. Finalizou mais, foi mais perigoso e controlou o jogo contra um dos times mais dominantes da Europa. O sentimento de "derrota com dignidade" pode parecer um clichê, mas nesse caso é preciso reconhecê-lo como mérito. Jogar bem contra o Bayern — e fazê-lo jogar mal — não é para qualquer um.

O torcedor do Flamengo pode voltar ao Brasil de cabeça erguida. O projeto de Felipe Luís mostrou potencial. Resta agora seguir ajustando os detalhes, reforçar o elenco e repetir esse tipo de atuação em alto nível. Porque, se a diferença está nos detalhes, jogar muitas vezes desse jeito pode fazer com que, em algum dia, o final seja diferente.

André Rocha

é o Editor-Chefe e Analista do flamengohoje.net. Especialista em análise de dados e táticas do futebol, ele une a paixão de torcedor com a precisão dos números para trazer um olhar único sobre o universo do Flamengo.