José Boto Enfrenta Primeira Grande Pressão no Comando do Futebol do Flamengo

José Boto sob pressão: primeira crise do diretor de futebol no Flamengo

O Flamengo, um dos clubes mais vitoriosos do Brasil nos últimos anos, enfrenta um momento turbulento fora das quatro linhas. No centro da crise está o diretor de futebol José Boto, que passa por sua primeira grande instabilidade desde que assumiu o cargo no Rubro-Negro. Negociações canceladas, atritos internos e crescente pressão da torcida têm colocado o dirigente português em uma posição delicada.

Recuo na contratação de Mikey Johnston expõe desgaste

Uma das principais faíscas do atual momento foi a frustrada negociação por Mikey Johnston, atacante do West Bromwich. Boto via o jogador como ideal para o estilo de jogo de Filipe Luís, atual técnico da equipe. No entanto, a contratação — que giraria em torno de £5 milhões (cerca de R$ 37 milhões) — foi barrada pelo presidente Luiz Eduardo Baptista (BAP), após forte resistência da torcida e críticas internas.

Essa foi a primeira vez que BAP interveio diretamente em uma contratação desde a chegada de Boto, evidenciando que o dirigente português já não possui mais a mesma liberdade nas decisões de mercado.

Entrevistas polêmicas e desgaste com o elenco

Além das escolhas no mercado, Boto tem causado desconforto com suas frequentes entrevistas à mídia estrangeira. Em uma delas, afirmou que gostaria de contar com Vlahovic, atacante da Juventus, o que gerou ruído no elenco, especialmente com Pedro, que foi banco do sérvio nos tempos de Fiorentina. A declaração repercutiu negativamente no ambiente interno.

Outra situação que abalou os bastidores envolveu o jornalista Mauro Cézar Pereira, que divulgou prints de uma conversa com uma figura ligada ao departamento de futebol do Flamengo. Nela, a pessoa afirmava que o clube aceitaria vender Pedro por 15 milhões de euros. Apesar de não haver identificação clara, muitos dentro do elenco acreditam que o autor da mensagem seja Boto, o que aumentou ainda mais o mal-estar.

Saída de Gerson e descontentamento no vestiário

A maneira como Boto conduziu a saída de Gerson para o Zenit, da Rússia, também foi alvo de críticas. A multa rescisória do jogador foi reduzida de forma significativa, passando de 200 milhões para apenas 25 milhões de euros, valor que foi pago à vista. Gerson era uma referência no grupo, e sua saída abrupta abalou a liderança dentro do elenco.

Contratação de Juninho vira motivo de deboche

Outro ponto de atrito foi a chegada do atacante Juninho, de 28 anos, vindo do Qarabag, do Azerbaijão. O jogador custou cerca de 5 milhões de euros (R$ 31 milhões) e, até o momento, não justificou a contratação, tendo pouca participação no time. Internamente, a negociação virou motivo de deboche entre conselheiros e membros do clube, ampliando a crise em torno de Boto.

José Boto será demitido?

Apesar do ambiente conturbado, José Boto não será demitido neste momento, segundo apuração do portal Coluna do Fla. O dirigente segue respaldado pela presidência, mas passará a ser acompanhado de forma mais criteriosa. O foco agora é a janela de transferências, e Boto terá que mostrar resultados concretos, com contratações que agreguem valor técnico ao elenco.

O clube busca reforços de peso e espera que o diretor atue com mais cautela, evitando polêmicas e melhorando sua comunicação com jogadores e torcida.

A situação de José Boto no Flamengo é, no mínimo, delicada. A soma de erros na condução de negociações, falas públicas controversas e decisões que desagradaram tanto o elenco quanto os dirigentes expôs o diretor à sua primeira grande crise no clube. Agora, com os olhos da diretoria voltados para ele, o sucesso na janela de transferências pode ser determinante para seu futuro no comando do futebol rubro-negro.

André Rocha

é o Editor-Chefe e Analista do flamengohoje.net. Especialista em análise de dados e táticas do futebol, ele une a paixão de torcedor com a precisão dos números para trazer um olhar único sobre o universo do Flamengo.