O Espelho de Março: Quais lições o Empate no Brasileirão entre Flamengo e Internacional pode ajudar o rubro-negro na Libertadores

Análise Tática do Empate no Brasileirão: O Que Esperar do Confronto na Libertadores

LIBERTADORES

Por Redação do FH

8/12/20254 min ler

Léo Pereira autor do gol no empate contra o internacional no primeiro turno
Léo Pereira autor do gol no empate contra o internacional no primeiro turno

O confronto que se aproxima entre Flamengo e Internacional pelas oitavas de final da CONMEBOL Libertadores carrega o peso de uma rivalidade histórica e a promessa de um duelo de alta intensidade. Contudo, para decifrar o que pode acontecer no mata-mata, o torcedor não precisa olhar para o passado distante. O "ensaio geral" aconteceu no dia 29 de março de 2025, no Maracanã, e terminou em um empate por 1 a 1 que serve como um verdadeiro mapa tático para o embate continental.

O Desenho Tático: A Muralha de Cinco e a Aposta na Velocidade

A estratégia do Internacional, comandado por Roger Machado, foi a principal responsável por conter o ímpeto rubro-negro. Ciente do poderio ofensivo do Flamengo, mesmo com os desfalques de Gérson e Arrascaeta, o técnico gaúcho montou um sistema defensivo robusto e de difícil penetração.

A chave da estrutura colorada foi a formação de uma linha de cinco defensores. Com a ausência de Victor Gabriel, o volante Fernando foi recuado para atuar como um terceiro zagueiro, reforçando o miolo da zaga. Essa compactação no setor defensivo tinha um objetivo claro: negar espaços para os atacantes centrais do Flamengo, Juninho e Bruno Henrique.

Com a defesa segura, o plano de ataque era igualmente bem definido: os contra-ataques rápidos. A equipe abdicou da posse de bola e apostou na velocidade de seus homens de frente, com Borré como referência e as pontas, Vitinho e Wesley, prontos para disparar. Foi exatamente assim que o Inter abriu o placar. Aos 34 minutos, em uma transição veloz, a bola passou por Alan Patrick, Borré e Wesley antes de chegar a Bernabei, que cruzou para Bruno Henrique marcar o gol. Foi a materialização perfeita do plano de jogo.

A Resposta do Flamengo: Volume Ofensivo e o Desafio da Finalização

Do lado do Flamengo, o técnico Filipe Luís escalou a equipe com uma proposta ofensiva, utilizando um quarteto de ataque com Luiz Araújo e Michael abertos pelas pontas. A equipe conseguiu ter o controle do jogo, empurrando o Internacional para seu campo de defesa, como indicam os 62% de posse de bola.

O desafio, no entanto, foi traduzir esse domínio em gols. A defesa bem postada do Inter forçou o Flamengo a buscar alternativas. O gol de empate, aos 54 minutos, veio de uma jogada de bola parada: após um escanteio, Michael chutou cruzado e o zagueiro Léo Pereira apareceu para completar para as redes.

Apesar do empate, o sentimento que ficou foi o de que o Flamengo poderia ter saído com a vitória. A equipe conseguiu criar oportunidades claras, mas falhou no momento decisivo da conclusão. O lance mais emblemático dessa ineficácia foi uma chance clara desperdiçada por Juninho. A análise pós-jogo foi unânime em apontar que as chances perdidas custaram a vitória ao time carioca.

Lições para a Libertadores: Os Ajustes Inevitáveis

O empate no Brasileirão, portanto, deixa lições cruciais para o confronto eliminatório na Libertadores.

  • Para o Flamengo: O desafio não é criar, mas sim converter. Gerar 19 finalizações é um feito notável contra uma defesa bem organizada, mas será preciso calibrar a pontaria. Para superar a provável retranca colorada novamente, será fundamental ter mais repertório para furar o bloqueio, além de aproveitar as jogadas de bola parada, que se mostraram um caminho viável.

A partida de março foi um capítulo isolado, mas suas lições ecoarão nos jogos da Libertadores. Aquele confronto foi a prévia, o estudo. Agora, no palco principal, vencerá a equipe que melhor tiver feito a lição de casa e souber transformar a análise daquele dia em uma execução perfeita em campo.

A Disparidade nos Números: Domínio Rubro-Negro, Eficiência Colorada

Filipe Luís e Roger Machado se cumprimentam antes da partida válida pela 1ª rodada do Brasileirão.
Filipe Luís e Roger Machado se cumprimentam antes da partida válida pela 1ª rodada do Brasileirão.

Aquele jogo, válido pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro, foi muito mais do que um simples empate. Ele expôs as estratégias, as virtudes e, principalmente, as vulnerabilidades de ambas as equipes. A análise fria dos dados e dos movimentos em campo revela uma batalha clara de estilos: o volume ofensivo do Flamengo contra a resiliência defensiva e os contra-ataques cirúrgicos do Internacional.

Bruno Henrique em lance na partida contra o Internacional
Bruno Henrique em lance na partida contra o Internacional

Para entender a dinâmica da partida de março, os números são o ponto de partida ideal. As estatísticas finais pintam um quadro de amplo domínio territorial e de iniciativa por parte do Flamengo, mas com uma eficiência letal do lado gaúcho.

Os dados são claros:

Posse de Bola: Flamengo 62% x 38% Internacional.

  • Finalizações: Flamengo 19 (5 no alvo) x 5 (1 no alvo) Internacional.

  • Escanteios: Flamengo 4 x 2 Internacional.

Esses números mostram que o Flamengo controlou a bola e o campo, passando a maior parte do tempo no ataque e criando um volume de oportunidades quase quatro vezes maior que o adversário. No entanto, o placar final não refletiu essa superioridade. O Internacional, com apenas cinco tentativas, precisou de um único chute certo para balançar as redes, demonstrando um aproveitamento máximo de suas investidas.

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André Rocha

é o Editor-Chefe e Analista do flamengohoje.net. Especialista em análise de dados e táticas do futebol, ele une a paixão de torcedor com a precisão dos números para trazer um olhar único sobre o universo do Flamengo.