
Por que Filipe Luís recusa comparações com Jorge Jesus?
Após discurso que revela um Flamengo em mutação, atento às melhores práticas do futebol mundial, mas fiel ao próprio DNA, Filipe Luís evita comparações.
GERAL
Por Redação do FH
8/22/20255 min ler


O Flamengo de 2025 apresenta uma nova face sob o comando de Filipe Luís. Ex-lateral, multicampeão como jogador e agora técnico, ele já mostrou que é possível conduzir o clube a patamares elevados sem se apoiar excessivamente no passado. Suas atuações chamam atenção pela solidez defensiva, eficiência no ataque e pelo discurso lúcido sobre legado, especialmente ao abordar as inevitáveis comparações com o consagrado Jorge Jesus. Neste artigo, examino como Filipe Luís está escrevendo seu próprio capítulo, articulando fatos, citações e perspectivas exclusivas sobre o atual momento rubro-negro.
A solidez recente do Flamengo: dados e contextos que moldam o presente
Analisar os pilares do Flamengo de Filipe Luís exige olhar para além dos resultados. O time que superou o Internacional com autoridade, fora de casa, exibiu equilíbrio e maturidade. O treinador elogiou a aplicação tática, mencionando o “sacrifício muito grande para neutralizar as armas do Inter” e ressaltando que cada jogo impõe desafios inéditos.
Do ponto de vista numérico, a consistência defensiva impressiona: nas últimas dez partidas de mata-mata, foram apenas cinco gols sofridos, com sete vitórias, um empate e duas derrotas. Do lado ofensivo, o rubro-negro mostrou repertório, conseguindo ao menos dois gols em partidas decisivas contra adversários de peso, como São Paulo e Bragantino. O saldo reforça a sensação de amadurecimento coletivo e explode na confiança da torcida para as próximas etapas da Libertadores e para a reta final do Campeonato Brasileiro.
Ainda assim, Filipe Luís segue ponderado. Ele lembra que “estamos longe de conquistar títulos, longe de conquistar a Libertadores, faltam cinco jogos até a final. Falta uma volta inteira do Campeonato Brasileiro e falta muita coisa”. O discurso evita euforia e coloca o pé no chão, fortalecendo a mensagem de que o caminho até as grandes conquistas exige trabalho contínuo.
A construção de um novo legado
O comando de Filipe Luís representa mais do que a transição de ciclo: sintetiza a capacidade do Flamengo de se reinventar sem perder sua identidade. A exposição frequente à pressão, tanto da crítica quanto da própria torcida, não inibe o jovem técnico. Ao contrário, reforça a busca por um legado próprio, no qual vitórias sólidas se sobrepõem a momentos de brilho individual ou ao saudosismo dos tempos de Jorge Jesus.
Olhando para o futuro, o rubro-negro de Filipe Luís consolida-se por investir em equilíbrio, tática e mobilização coletiva. O respeito aos adversários como Internacional, São Paulo e Palmeiras faz parte da cultura vencedora, sem perder de vista o objetivo principal: manter o Flamengo protagonista e referência no Brasil e no futebol sul-americano. É essa combinação de números, autocrítica e visão de longo prazo que pode, enfim, garantir uma nova era de títulos — com nome, sotaque e autenticidade próprios.
Confira a entrevista coletiva completa de ontem, disponibilizada pela Flamengo TV, após vitória e classificação contra o Internacional, no Beira-Rio:


O que mudou no Flamengo sob a liderança de Filipe Luís?
O início da trajetória de Filipe Luís como treinador do Flamengo foi marcado por expectativa e desconfiança. A transição de ídolo em campo para comandante à beira do gramado nunca é simples, ainda mais em um clube de pressão constante. Porém, os números recentes jogam a favor do novo técnico. Em 60 jogos oficiais, a equipe alcançou quase 75% de aproveitamento, com 102 gols marcados (média de 1,7 por jogo) e apenas 34 sofridos, resultando em saldo de 68. O dado decisivo: foram 36 partidas sem ser vazado, evidenciando a evolução defensiva sem abrir mão do ataque propositivo.
Esses resultados se refletem também numa mudança clara de postura tática. O Flamengo atual, diferente do perfil reativo que ensaiou no passado recente, reconquistei a posse de bola, com construção paciente e retomada da pressão pós-perda já no campo adversário. Filipe Luís premiou a disciplina defensiva, destacando nomes como Fabrício Bruno e Léo Pereira, sem esquecer a importância dos volantes na articulação e recomposição. O papel de Arrascaeta e De La Cruz como motores criativos também cresceu neste ciclo, integrando o time a novas soluções, especialmente após a troca de peças no elenco desde o início da temporada.


Cada vez que o Flamengo se aproxima de decisões importantes, ressurgem as lembranças do ano mágico de 2019. Jorge Jesus, então comandante, entrou para a memória afetiva do torcedor como símbolo de ofensividade extrema e gestão de grandes nomes. Filipe Luís, mesmo tendo sido liderado pelo técnico português como jogador, é enfático: “Nunca me comparem com ele, nunca façam isso. Ele é muito mais treinador do que eu ainda. Muito mais experiente, tem mais títulos, história. E eu estou começando a minha. Não cometam esse erro comigo, porque é injusto comparar um cara com a grandeza dele comigo que estou só começando”, pediu após nova classificação à fase decisiva da Libertadores.
Esse recado vai além da modéstia. Filipe Luís compreende a necessidade de o clube não ser refém de glórias passadas, mesmo nutrindo respeito e admiração pelo antigo mestre. Internamente, seu foco e da comissão técnica é manter o elenco concentrado no “próximo jogo”, reforçando que títulos são construídos coletivamente e ao longo de várias etapas, não por reverências a nomes consagrados.
Portanto, as comparações são naturais, mas encontrar novos métodos, atualizar ideias e confiar em diferentes lideranças tornou-se o alicerce da gestão Filipe Luís. O time, ao invés de buscar reproduzir 2019, cria uma nova referência, ajustada ao contexto e à dinâmica do elenco atual.

Mas, os desafios não param. O próximo compromisso do Flamengo está marcado para segunda-feira, 25 de agosto de 2025, às 21h00 (horário de Brasília). O adversário será o Vitória, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. O jogo acontece no icônico Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro.
Além de ser fundamental para a sequência no Brasileirão, esse duelo permite ao torcedor acompanhar de perto o desenvolvimento da equipe após a classificação decisiva na Libertadores. A expectativa agora é por bom público e desempenho consistente do rubro-negro em seus domínios.
Filipe Luís e o renascimento do DNA rubro-negro


André Rocha
é o Editor-Chefe e Analista do flamengohoje.net. Especialista em análise de dados e táticas do futebol, ele une a paixão de torcedor com a precisão dos números para trazer um olhar único sobre o universo do Flamengo.
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