Filipe Luís após eliminação: “A Nossa obrigação NÃO é ganhar e sim ...”

Na noite da última quarta-feira (07/08), após a desclassificação do Flamengo diante do Atlético-MG, em Belo Horizonte, no jogo de volta da Copa do Brasil 2025, o técnico rubro-negro, Filipe Luís, concedeu uma entrevista coletiva pós-jogo na Arena MRV. Mesmo diante do revés recém-ocorrido, ele mais uma vez demonstrou bastante discernimento em seus pensamentos e convicções. Explicou várias questões polêmicas da partida e dos últimos tempos. Confira abaixo as principais respostas do treinador:

Escalação inicial mais uma vez modificada

Sobre a equipe titular ser bastante diferente dos 11 ideais no papel, Filipe Luís explicou que foi devido à ausência de Bruno Henrique e Luiz Araújo, além da falta de ritmo das contratações vindas da Europa (Samuel Lino, Emerson Royal e Saúl), que estavam de férias até pouco tempo. Além disso, Arrascaeta estava com um desconforto e foi poupado inicialmente. No entanto, deixou claro que montou a estratégia e colocou os jogadores disponíveis que melhor poderiam executá-la para ganhar o jogo.

Reconhecimento do desempenho

Filipe Luís reconheceu ter tido um ótimo primeiro tempo, subentendendo-se que o segundo tempo foi abaixo do esperado. Apesar disso, quis deixar claro e parabenizar o adversário pela sua qualidade, exemplificando pelo que foi visto nos 3 confrontos dos últimos dias: partidas duras, intensas e com poucos gols, resultando em 2 vitórias do Flamengo e 1 do Atlético no tempo normal.

Escolha dos batedores da disputa de pênaltis

Quanto à escolha dos batedores, disse que, dentre os disponíveis, escolheu os mais confiantes para bater. Tentou aliviar as críticas aos jogadores, dizendo que, em uma cobrança de pênalti, mesmo se você for com confiança, pode acabar dando errado. Citou a si mesmo quando era jogador como exemplo. Mesmo com os erros de Samuel Lino e Wallace Yan, disse-se orgulhoso dos cinco, que, segundo ele, corajosamente toparam encarar o desafio.

Desempenho e polêmicas de Wallace Yan

Mesmo envolvido em polêmicas por provocações no duelo contra o Atlético e também tendo se tornado alvo de inúmeras críticas por parte da torcida rubro-negra, Filipe Luís disse que Wallace Yan não se esconde e não treme diante das adversidades em campo, por ter uma grande personalidade. E isso não foi fator determinante para o erro na penalidade. Na visão do técnico, o jogador fez uma ótima partida dentro do que lhe foi solicitado: incomodou muito a defesa, criou espaços, gerou chances e teve personalidade para bater o pênalti, mesmo com pouca idade.

Blindagem sobre o garoto

Apesar da interpretação de Filipe Luís sobre a atuação e personalidade do camisa 64, após o jogo, Wallace Yan sofreu uma enxurrada de críticas nas redes sociais, chegando a se desculpar numa publicação em seu perfil. Previamente, imaginando que isso iria ocorrer, um repórter questionou o técnico sobre a importância da blindagem sobre ele.

"As críticas fazem parte do crescimento do atleta profissional, e quanto melhor eles puderem lidar com as críticas, maiores como jogadores de futebol eles serão. [...] Absolutamente, todos os jogadores que integram o elenco do Flamengo foram criticados em algum momento de suas carreiras. O importante é assimilar o quanto antes, não se abater e voltar mais forte." Destacou Filipe.

Indignação com mentiras criadas

Apesar da derrota e da escalação inicial diferente, um jornalista destacou o bom desempenho do time e desejava saber se, para o treinador, a partida contra o Atlético tinha sido a melhor desde a volta da Copa do Mundo de Clubes.

Filipe Luís não conseguiu nem responder à pergunta, ao associá-la a burburinhos da última semana na imprensa: "O Flamengo está mal pós-Copa do Mundo". Essa narrativa do Flamengo estar em uma má fase no pós-Copa do Mundo para o técnico não passa de mentira e simplificação absurda de 600 minutos de jogo de futebol resumidos em uma frase.

Em sua defesa e em defesa do desempenho de seu elenco, deu exemplos de atuações que considerou boas:

• O jogo contra o São Paulo foi absolutamente completo e dominante;

• O jogo contra o Ceará, no primeiro tempo, o que se viu foi um espetáculo;

• Contra o Santos, o primeiro tempo foi muito bom;

• Jogo controlado contra o Fluminense, que não chutou ao gol. Destacou a boa organização tática defensiva do Fluminense, que conseguiu parar até a Inter de Milão, vice-campeã da última Champions League da Europa;

• E nesses três confrontos com o Atlético-MG, destacou a capacidade do técnico adversário, Cuca, em organizar a defesa e não perder por placares elásticos, desafiando os jornalistas presentes a pesquisarem quantas vezes perdeu por mais de 3 gols.

Em suma, acredita que são muitos momentos analisados superficialmente culminando em uma única frase, e por isso não concorda. Afirmou que o time está bem, que o elenco está entendendo dentro de campo o que é proposto pelo técnico, e por isso confiam no projeto. Entretanto, ponderou: "Vai ter dias que o time vai jogar muito bem, e outros que, devido a lesões, cansaço, viagens longas, poderá jogar muito mal."

Concluiu ressaltando que esse trabalho dele como treinador não pode se resumir a um momento. Até porque há menos de um mês eram só elogios, colocando o time como o melhor pós-mundial. Lembrou a todos sobre o dinamismo do futebol e de que a única solução para quando os resultados ruins vêm é o trabalho árduo para poder mudar a imagem que o time passa agora.

Ainda sobre críticas Em outra resposta, disse não se incomodar com os comentários em redes sociais, pois para ele é uma selva e que a verdade das críticas está no estádio, transmitida através de vaias, aplausos e protestos.

"Sou muito racional e tento passar para os meus jogadores que, apesar de tudo, o Flamengo é líder do campeonato brasileiro com um jogo a menos. O Flamengo não vai jogar bem sempre, e quando isso acontecer, a responsabilidade é minha. Mas o importante é entender o que está acontecendo em campo, por exemplo, busco sempre analisar mesmo quando o time ganha e joga mal ou quando o time perde e joga bem, e passar isso para os meus jogadores. E só a longo prazo saberemos o que vamos conquistar e não podemos deixar uma onda nos levar para debaixo do mar, e sim analisar jogo a jogo para se guiar e tentar vencer e evoluir nas competições." Finalizou.

Outras considerações

Gramado sintético

O já desgastado debate sobre o gramado sintético mais uma vez foi protagonista. Apesar desse tipo de campo ser pesado para quem tem problemas nas articulações, segundo o treinador, todos os jogadores se colocaram à disposição para jogar a partida. Reiterou que é uma pena os clubes grandes do Brasil que jogam a série A colocarem esse gramado e ainda expressou seu desejo de ver, um dia, a proibição e a mudança do sintético para a grama natural.

Brasileiro e Libertadores são obrigações?

Questionado se, por ter um elenco tão qualificado e agora com a folga no calendário gerada pela eliminação na Copa do Brasil, as duas competições mais do que prioridade se tornam obrigação, o técnico ressaltou que a obrigação está em trabalhar arduamente e o máximo possível para "dar a vida" pelo escudo do Flamengo, uma vez que o resultado e a vitória não dão para controlar. Em outras palavras, Filipe Luís explica que essas vantagens citadas logicamente facilitarão a proximidade com os títulos e resultados positivos, mas não são garantia de nada.

Expectativas para o futuro

Agora, torcedor, é esperar que realmente o time se encaixe, que as lesões diminuam e que o time volte ao trilho, pois a expectativa é gigante. Apesar dessa demora, já dá para perceber que o time do Flamengo já se destaca dos demais concorrentes brasileiros e que os adversários já nos respeitam e temem muito mais do que antes. Nem tudo são flores, mas nem tudo são espinhos

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André Rocha

é o Editor-Chefe e Analista do flamengohoje.net. Especialista em análise de dados e táticas do futebol, ele une a paixão de torcedor com a precisão dos números para trazer um olhar único sobre o universo do Flamengo.